Relatório do Centro Social de Santa Cruz
Curso:
Licenciatura em Educação Socioprofissional
Unidade
Curricular: Metodologias
e Técnicas de Educação Gerais e Especiais II
Docente: Dr.ª Orquídea
Discente: Dulce
Manuela
Olycia
Junho, 2012
Introdução
O presente relatório surge no âmbito
da unidade curricular MTEGE II (Metodologias e Técnicas de Educação Gerais e Especiais
II), onde nos foi proposto uma visita de estudo ao Centro Social de Santa Cruz de
Santa Maria da Feira. Nesta visita tivemos o prazer de conhecer uma das irmãs
Passionistas do centro que amavelmente se disponibilizou para falar sobre o
centro.
O Centro Social de Santa Cruz Passionista tem como
objetivo reconduzir a pessoa a si mesma, aos outros e a Deus. Tem uma grande
preocupação com as crianças
que se encontram em situação de maus-tratos, abandonadas ou negligenciadas e/ou
são privadas de um ambiente familiar funcional e saudável.
Podemos constatar a satisfação da Irmã Passionista.
O seu trabalho tem como principal objetivo proporcionar um ambiente familiar às
crianças, onde o amor, carinho esteja sempre presente. Este Centro Social oferece
às crianças excelentes condições de habitação, alimentação, saúde, higiene, e
educação; ou seja, dispõe de boas infraestrutura e organização. As irmãs e os
profissionais ao serviço do centro desenvolvem o seu trabalho com amor e
dedicação às crianças carentes.
Ficamos
satisfeitas em conhecer as irmãs passionistas, a sua
obra, que através da educação propõe caminhos de esperança defendendo e
promovendo os valores e a qualidade de vida. Ajudam as crianças e jovens através
do serviço educativo-pastoral a darem um sentido ao seu sofrimento.
No presente trabalho fazemos um relatório descritivo da visita de estudo
a esta instituição, onde se inclui o guião de entrevista que foi elaborado para
o efeito.
Metodologia
A recolha de informação foi realizada
através de uma entrevista semi-estruturada (cf.
Anexo) e da observação direta participante que decorreu durante a visita.
A entrevista semi-estruturada era
composta por seis questões abertas dirigidas para as caraterísticas do
público-alvo da instituição e para os desafios que os profissionais e a própria
instituição enfrentam diariamente, especialmente neste período de crise que o
país atravessa.
A observação participante ocorreu
essencialmente no período de entrada, no pátio e ainda na sala onde decorreu a
entrevista. Aqui esteve-se especialmente atento ao comportamento/atitude da
Irmã.
Toda a informação foi recolhida,
analisada e integrada numa descrição da instituição.
Centro Social de Santa Cruz: uma breve
descrição.
O Centro Social de Santa Cruz fica situado
em Santa Maria da Feira, nasceu da oferta de uma casa por parte dos
Missionários Passionistas a quem pusesse em ação uma obra social. É então que,
em 1984, chegam a Portugal três irmãs vindas de uma província de Espanha e
começam a restauração da casa, que durou dois anos, onde desenvolveram projetos sociais e
apostólicos, num espírito de solidariedade humana, cristã e social.
Assim, o Centro Social de Santa Cruz
numa tentativa de fazer face às carências do concelho, começou a sua atividade
no apoio à população mais idosa, como Centro de Dia. Mais tarde, o Centro
Regional da Segurança Social de Aveiro, sugeriu um reajustamento do Centro para
o acolhimento de crianças em risco, vindo então a transformar-se num Centro de
Acolhimento Temporário (C.A.T.). Na mesma altura e devido a muitos pedidos de
organismos locais e também no apoio a famílias que não podiam acompanhar os
filhos em horário escolar, passou a funcionar como A.T.L..
O Centro de Dia, o C.A.T e o A.T.L.,
passou a funcionar em simultâneo, mas pouco a pouco os idosos foram-se
integrando em centros mais próximos, e o Centro Social de Santa Cruz passou a
dedicar-se apenas no apoio a crianças em situação de risco.
Atualmente o Centro Social Santa Cruz
dá apoio a 15 crianças de ambos os sexos, dos 0 aos 12 anos. A sua admissão é
da competência do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro e autorizada
pelo Tribunal e Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. As crianças que
entram no Centro Social de Santa Cruz são crianças que se encontram em situação
de maus-tratos, abandonadas ou negligenciadas. Estas crianças de risco são
privadas de um ambiente familiar funcional e saudável.
Por estas razões, estão no centro
temporariamente até aos 12 anos, e de acordo com a Lei de Proteção de Crianças
e Jovens em Risco, a permanência no Centro não deverá prolongar-se por mais de
seis meses. No entanto na prática este período de institucionalização é, na
maioria das vezes, superior, chegando muitas das vezes a durar anos.
O objetivo geral do Centro Social de
Santa Cruz é proporcionar-lhes um
ambiente familiar saudável e uma inserção normal na sociedade. Acompanha também
os processos de adoção ou acolhimento em famílias onde as crianças são
entregues.
No Centro Social de Santa Cruz, além das Irmãs
que têm a seu cargo a gestão pedagógica e administrativa da instituição, tem
uma educadora com funções pedagógicas, uma educadora de infância e uma equipe
de cinco auxiliares que têm como funções as tarefas da casa, higiene e cuidado
das crianças e, ainda, o apoio de alguns voluntários que acompanham as crianças
em atividades. O Centro usufrui também da cooperação com a Cliesp - Clínica
Médica, ao nível do apoio psicológico e ao nível dos cuidados de saúde, bem
como outras especialidades tais como, medicina dentária, oftalmologia entre
outras.
A instituição mantém ainda relações
com as instituições da comunidade local. As crianças frequentam os espaços
educativos da comunidade local, mais concretamente o infantário e o 1º e 2º
ciclo nas escolas de Santa Maria da Feira. Frequentam a catequese e praticam
algumas atividades desportivas como escuteiros e hóquei em patins.
Conclusão
Ficamos
felizes por podermos constatar que o Centro Social Santa Cruz, oferece às
crianças a satisfação das necessidades básicas (higiene, saúde, alimentação) num
ambiente familiar e contribui também para a sua construção pessoal e social
(segurança, afeto, educação e formação).
É
desejo destas irmãs que trabalham neste Centro, que estas crianças encontrem um
Lar (família) que as receba como filhos verdadeiros. Para receber estas
crianças as famílias têm que ter um coração generoso, amor para oferecer,
amparo para que a criança que está sozinha, ao ser adoptada se sinta como um
verdadeiro filho.
O
Centro encontra-se com graves dificuldades económicas, devido à fraca
contribuição da segurança social. Apesar disto, ficamos muito sensibilizadas na
despedida da Irmã quando lhe comunicamos que iríamos contribuir com alguns
donativos. Esta mostrou-se agradecida, mas referiu que o melhor seria tentarmos
arranjar famílias que quisessem adoptar os seus meninos.
Adoramos
fazer esta visita, e podermos ver in loco
que existem pessoas altruístas que se preocupam com as crianças de hoje e
futuras pessoas do amanhã
Anexos
Guião
de Entrevista
Entrevista no Centro de Acolhimento Temporário de Santa
Cruz dos Missionários Passionistas
1.
Numa pesquisa que fizemos na Internet, tomamos
consciência que acolhem crianças com várias carências e fragilidades. Tendo
como base a sua experiência, diga-nos qual/quais são as problemáticas que mais
afetam estas crianças?
2.
Como futuros educadores temos tomado consciência
da dificuldade em educar “crianças com determinadas problemáticas”. Consegue
descrever alguma situação em que tenha sido especialmente difícil para si
relacionar-se/educar uma criança? Que conselho(s) nos daria para lidarmos com
estas problemáticas?
3.
Num plano físico, que materiais/equipamentos
considera que seria fundamental o centro adquirir para o bem-estar das
crianças/jovens que aqui se encontram? Existem alguns projetos/dinâmicas para
obter os mesmos?
4.
De acordo com a legislação da proteção de
crianças e jovens e risco, a permanência da criança num centro de acolhimento
não deve ser superior a 6 meses. Isto verifica-se na instituição? No seu ponto
de vista, quais poderão ser os desafios de manter uma criança muito tempo na
mesma instituição?
5.
Derivado à crise económica vêm-se cada vez mais
famílias carenciadas e a necessitar de ajuda. Conseguem dar resposta a todos os
pedidos?
6.
Numa pesquisa na Internet verificamos ainda que
o Centro está a passar por grandes dificuldades financeiras, existindo até
possibilidades de encerramento. Como têm sobrevivido? Que apoios têm tido? E
que apoios consideram que ainda necessitam?
Muito
obrigado pela sua atenção e disponibilidade em responder às nossas questões!
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