Comunicação Interpessoal
Comunicação é a arte de ser entendido.
(Peter
Ustinov)
O
termo comunicação vem do grego “comunicare” que significa “pôr em
comum”, “entrar em relação com…” (Carrera, 2012).
Para
Carrera (2012) a comunicação é um dos processos indispensáveis e constitui a
base de todas as atividades humanas. Ela cumpre a função de informar,
socializar, distrair, educar e motivar. A comunicação pode ser entendida como uma
ferramenta fundamental para o ser
humano pois permite-lhe ser o que ele é e estabelecer relações interpessoais,
por isso é um processo interativo e pluridimensional.
Tal como foi evidenciado anteriormente, o processo
de comunicação é fundamental para poder existir sociedade e também
imprescindível para que as organizações possam alcançar os objetivos a que se
propõem. Deste modo é importante que a comunicação propicie um ambiente de
trabalho harmônico, onde os indivíduos possam entender-se e compartilhar as
informações disseminadas no âmbito da organização. Estudos empíricos revelam
que a comunicação eficaz contribui para o sucesso gestionário e organizacional.
Segundo
Monteiro (2007, p.5), a comunicação interpessoal pode ser definida como “ um
processo onde a troca de informações permite que duas ou mais pessoas comuniquem
de forma interativa, face-a-face (proximidade física), oral e direta, de modo a
criar uma relação.”
Watzlawick,
Beavin e Jackson propõem uma análise da comunicação, assente em “princípios
sistémicos”. Para estes autores, o ato de comunicar é social e obriga necessariamente
a uma relação. Os comportamentos que as pessoas assumem quando estabelecem uma
relação, estão condicionados pelas regras de interação que cada sujeito
adquire. Assim, estes autores propõem cinco axiomas básicos:
“1. As pessoas não podem
deixar de comunicar. Sempre que o ser humano estabelece interação, o
comportamento que adquire, obrigatoriamente, tem uma mensagem. Mesmo que não
exista intenção, a mensagem está presente. No próprio facto de tentar não
comunicar, está presente a comunicação, ou seja, a tentativa de não interação é
uma interação.
2. Toda a comunicação
apresenta conteúdo e relação. Conteúdo surge neste contexto como a mensagem que
é apresentada à outra pessoa. A relação define o contexto em que a mensagem é
realizada. Esta interação entre conteúdo e relação entende-se por
metacomunicação. Este conceito surge de forma a definir a troca de informação
não-verbal, que existe em simultâneo entre sujeitos.
3. A pontuação das
sequências de comunicação. A comunicação deve utilizar sequências de interação
de forma pontuada, ou seja, a interação deve ser realizada, não em atos isolados,
mas sim agrupados sintaticamente de forma a terem sentido. Os conflitos surgem,
por vezes, devido à falta de concordância entre os sujeitos em relação à
pontuação da sequência dos factos.
4. Comunicação digital e
analógica. Esta distinção entre digital e analógico refere-se ao tipo de
codificação utilizada na comunicação. Quando referimos a codificação digital,
estamos perante uma arbitrariedade na relação significado e significante, ou
seja o signo digital é utilizado para representar um referente que não tem
relação intrínseca com o signo. Quando referimos codificação analógica está
associada à representação por semelhança. O código analógico é muito diferente
dos signos digitais, pois não é arbitrário, ou se assemelha ou é intrínseco.
5. Diferença entre simétrico
e complementar. A comunicação é simétrica quando as duas pessoas que estão a
comunicar, têm um comportamento muito semelhante na relação. O contrário,
quando existem bastantes diferenças diz-se que a relação é complementar.”
(Monteiro, 2007, p.6-7)
Existem
vários tipos de comunicação: os indivíduos podem comunicar pelo código morse,
pela escrita, por gestos, pelo telefone, por fax, por modem etc. No caso
específico de uma organização, a direção pode comunicar com os seus membros
através de circulares, cartazes, mensagens radiofónicas ou televisionadas, email, etc.
Firmino (2012) defende que toda a comunicação
tem por objetivo a transmissão de uma mensagem, sendo que a linguagem usada
pode ser verbal e/ou não verbal.
A comunicação verbal exterioriza o ser social e pode
ser definida como uma mensagem expressa que possui um código linguístico (oral
ou escrito). A comunicação verbal falada ocorre quando há diálogo entre duas ou
mais pessoas. A comunicação verbal escrita engloba os livros, jornais,
cartazes, revistas, entre outros.
Tal como afirma Carrera (2012) A comunicação não-verbal exterioriza o ser psicológico, sendo a sua
principal função a demonstração de sentimentos. Ela corresponde às mensagens
que são transmitidas através de gestos, sons, expressões faciais, posturas
corporais, tonalidade da voz, silêncios, entre outros. De acordo com um estudo
da Universidade de Berkeley, na Califórnia, as palavras representam apenas 7% da
comunicação e a linguagem não-verbal corresponde a mais de 90%. A última é
comandada pelo subconsciente. Deste modo, não só deve ter-se
cuidado com a mensagem que é veiculada, mas também com o modo como a informação
é comunicada (linguagem não verbal).
Segundo Carrera (2012), para que a
comunicação seja eficaz o emissor antes de comunicar deve questionar-se sobre A quem
se dirige? O que quer comunicar? Que
meio vai utilizar? Quando o fará? Por que razão o faz? Como
irá garantir o feedback?
Estas afirmações têm implícito que a comunicação implica um emissor e um recetor,
uma mensagem, um canal e uma relação entre emissor e recetor.
Tal como afirma Firmino (2012 p.8) toda a
comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem constituindo-se por
elementos que são indicados no esquema que explica o processo de comunicação:
Assim,
os elementos da comunicação são: o emissor é aquele que emite a mensagem. Ele pode
ser um individuo ou um grupo. O recetor é aquele que recebe a mensagem e pode também
ser um individuo ou um grupo. A mensagem pode ser considerada como o objeto da
comunicação. Ela é composta pelo conteúdo das informações transmitidas,
conscientes, sendo que qualquer mensagem envolve sempre uma percentagem de
ruido. O canal de comunicação é a via de circulação das mensagens. O código é
um conjunto de signos e regras de combinação destes signos; o emissor utiliza-o
para elaborar a sua mensagem (codificação) e o recetor identificará este
sistema de signos (descodificação) se o seu reportório for comum ao do emissor.
O referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetivos reais
os quais a mensagem remete.
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Em qualquer processo de comunicação é
natural que surjam algumas barreiras, mas identificá-las e eliminá-las não é
tarefa fácil, por isso, requer atenção e uma abordagem clara do modo como o
individuo transmite a informação.
Segundo
Firmino (2012) as barreiras à comunicação podem considerar-se obstáculos que
dificultam a emissão e/ou receção de mensagens e podem também ser apontadas a
diferentes níveis, tais como:
Emissor - estudo do recetor
e o seu estado psicológico
- Preparação da mensagem
- Adequação da linguagem ao recetor
- Congruência da mensagem
Recetor - capacidade
limitadas de retenção
- Barreiras físicas, pessoais
e semânticas
Mensagem - codificação
(emissor)
- Descodificação (recetor)
Canal – acrescentos, eliminações,
distorções
O
autor supra citado defende que os “ruídos”, ou seja, as perturbações que podem
ocorrer no transcurso da comunicação oral podem ser de origem:
- Física (verdadeiros
barulhos, voz muito baixa, fala muito rápida)
- Linguística (dificuldades
de descodificação por parte do recetor)
- Psicológica (falta de
atenção, interferência de elementos passionais, etc.)
Um
outro elemento fundamental que completa o sistema de comunicação e que visa a
diminuição do ruído é o “feedback”. Este é composto por um conjunto de sinais
perceptíveis que permitem perceber o resultado da emissão da mensagem: se foi
recebida ou não, compreendida ou não. Deve manter-se a atenção sobre estes
sinais antes e durante o diálogo.
Assim, para que a comunicação se
desenvolva de maneira natural, transparente e positiva é importante verificar
se a informação que o recetor recebe está a ser compreendida e se a aplicação
do feedback no processo de comunicação está a ser correta, sem nunca esquecer
aquele que é o recetor da nossa mensagem.
Referências
Bibliográficas:
Carrera, F. (2012) Comunicar
2.0-Arte de Bem Comunicar no Seculo XXI, Lisboa. Edições Silabo
Firmino, M. (2012)
Competências Pessoais e Interpessoais. Porto: F.E.U.P
Monteiro, R.M. P. (2007). Teoria e Modelos de Comunicação Educativa:
Comunicação Interpessoal em Contexto Educativo. Braga: Tese apresentada ao
Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho.
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